terça-feira, 26 de maio de 2009

Falhar


Senti saudade e não a quis contrariar. Encontrei-me contigo. Quando me pediste mais companhia vacilei, mas cedi. Falhei-lhes e fiquei contigo. Egoísta.
Desejaste-me. Eu fiz o impensável e pensei, voltei a vacilar (não lhes quero falhar mais porra) e a ceder. Não te falhei, mas falhei-lhes, e a mim própria. Constatei que tinha errado. E afinal também te falhei. Culpa.
Cheguei-lhes. Sorri de desculpas e quis falar. Ninguém me ouviu, dormiam já todos. Sozinha.

Que falhanço, sou uma falhada.
Falho na minha própria existência; de tanto esforço para estar para todos, nunca estou inteira para nada nem para ninguém.

(Tu não falhaste a ninguém, excepto a ti mesma. E eles falharam-te todos.)



segunda-feira, 18 de maio de 2009

Citação de um pretenso-futuro-eu

"Suponho que tarde ou cedo se perde a candura. Talvez seja melhor assim, porque não se pode andar pelo mundo como um ingénuo, em carne-viva e sem defesas. (...) Agora, quando já dei volta à dor várias vezes e posso ler o meu destino como um mapa cheio de erros, quando não tenho nenhuma pena de mim próprio e sou capaz de rever a minha existência sem sentimentalismos, porque encontrei alguma paz, só lamento a perda da inocência."
O Plano Infinito, Isabel Allende
Dói, mas é necessário.
É necessário, mas dói.
A inocência não serve para nada e tem de se perder. Mas sabem tão bem essas talas ao lado dos olhos da mente que não nos deixam processar as coisas feias da vida.
Até que desaparecem e nos deixam expostos, a sofer na pele cada minuto da realidade, a questionar a cada passo a loucura do mundo. E diz que temos que nos ir habituando à merda da vida, que é para o bem da sanidade mental.
Então porque é que só quero ser inocente de novo? E eu não sou masoquista.
Ponham-me as talas de novo ou então consertem o mundo e ponham-no bonito, por favor.
(Só quero um dia ter essa paz para falar da minha existência sem sentimentalismos, porque agora parece-me absurdo.)