Ela senta-se no banco do comboio para mais uma viagem solitária.
O comboio chega à Estação Sombria.
Ou Estação das Chuvas, Estação do Frio, Estação do Medo.
Ele entra. Pelas portas e para o pensamento dela.
Ela: Estás aqui. Deixa-me estar na tua vida de novo. Só de raspão.
Ele: Não.
Ela: Não vai doer desta vez.
Ele: Ninguém passa só de raspão numa vida. Pelo menos ninguém como tu. E dói sempre. Da última vez quase me matou.
Ela: Também quase me matou a mim. Mas deixa, por favor.
Ele: Tu não. Tu és uma Bala.
Ela: ??
Ele: Quando apontas é sempre para acertar. Mesmo que seja "de raspão", dói muito. No corpo e na mente. Em mim, entraste e alojaste-te num sítio de onde é impossível remover-te, e deixaste sequelas para sempre.
Ela: Também me feri. Perdi parte de mim, da minha cápsula.
Ele: Eu sei. Por tudo isso te peço que não tentes mais. Pode ser fatal para ambos.
Ambos saíram na mesma Estação, uma qualquer no mundo real.
Ambos sentindo doer a ferida do pedaço perdido, e no silêncio desta dor, combinaram encontrar-se mais vezes.
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