quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O desvio


A estrada era a direito. Mas a certo ponto havia um desvio. Não era uma encruzilhada, por isso não me obrigava a escolher. Ou pelo menos parecia.
Quando me detive naquele ponto e percebi que afinal havia outra opção, esta começou a crescer e já não a podia ignorar. Era uma escolha que parecia estar feita à partida, mas ainda assim era uma escolha.
Agora afigurava-se-me um outro caminho, e a hipótese de que talvez houvesse algo à minha espera, pacientemente, no seu fim, algo melhor e mais bonito cresceu na minha mente e saiu-me pelos olhos fora.
Mas a estrada por onde eu seguia era maior e mais confortável, com menos buracos e lombas, mais fácil para o meu frágil veículo deambular. Tive medo de arriscar, ficar atolada na minha curiosidade e perder-me no meio da noite, embora perdida já eu me encontrasse.
Segui a estrada grande como se não houvesse outra, na certeza de que esta me levaria onde eu queria, ainda que de facto não soubesse o que queria. Mas a pequna estrada e os seus mundos por descobrir ficaram no meu pensamento por anos e anos.

Um dia voltei lá, e a estradinha já não existia. O mato tinha tomado conta dela e apenas um pequeno carreiro a substituía. Mas em mim aquela estrada vivia, agora mais viva do que nunca, agora que vi tudo na grande estrada, agora é que eu ia ver.
No fim dela encontrei uma casa e vi uma vida abandonada, um túmulo em pedra fria onde se podia ler
"Esperei por ti, enquanto pude..."

1 comentário:

LilianA disse...

esta míuda tem keda i ate' tem onde kair =P ****