Dou por mim a analisar a minha vida, e descubro sempre novos factos para me preocupar. Ou para ter pena, ou para ter medo. Instala-se um medo de viver, um pânico do tempo que passa e do que poderá trazer com ele. Um filme de terror, quando já se está aterrorizado mas se sabe que ainda virá algo pior, aquela tensão.
As vezes acordo com os problemas já a latejarem nas têmporas. Nesses dias penso que se me enrolar na minha cama e me esconder debaixo dos cobertores, imóvel, eles vão desaparecer. Que vão embora, incomodar outra pessoa qualquer que não a mim. Mas eles sobrevivem e multiplicam-se juntamente com os minutos verdes que passam no despertador.
E depois é o eu ser esta criatura ruminante das emoções. Atrás de qualquer pensamento ruim vêm sempre todas as amigas desgraças que estão guardadas lá dentro da memória à espera de serem lembradas, para me enterrarem em tristeza. E lá fico soterrada por mais algumas horas, dias, até que alguém me venha resgatar dos escombros.
Coragem.
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