sexta-feira, 21 de maio de 2010

Diarreia mental

Os dias passam, correm num passo descompassado para uma morte inevitável. Quanto mais próximos estamos dela mais a empurramos para longe. Às vezes.
Já cheguei a chamá-la. Quando era mais pequena e não me despachava, às vezes diziam-me que eu era boa para ir chamar a Morte. Piadas de mau gosto estas que os adultos têm a mania de fazer. Se eles soubessem...
Frases desconexas estas, que hoje resolvi deixar sair pelos meus dedos ao ritmo que me passam pela cabeça. Para variar.
Em conversas muitas vezes noto os olhares franzidos das pessoas que não compreendem os meus raciocínios. Como passo de um pôr do sol para uma pedra e daí para um túmulo e daí para um palhaço. Como passo de um sorriso para uma sombra de tristeza e dela salto para uma gargalhada. E vice versa. Não sabem como isto funciona. Nem eu.
Como são loucos os meus saltos de passagem auto reflexiva. Sou a melhor do mundo, Rainha da Sucata! Sou a própria sucata, falhada. Em cambalhota e em pirueta. Triplo salto mortal. E o pior de tudo é ter de aterrar sempre de pé.
Nem louca me deixam ser. Felizes dos loucos que podem ser loucos e agir como tal. Pois a mim não me é permitido. Que nós somos fortes, que nós ultrapassamos tudo, não somos como os outros. Aqui não há pão para malucos. Como eu queria nem que fosse uma migalha só...
Ando a queimar dias de sol. E de chuva. Ando a não viver a vida e a vê-la a passar num ecrã qualquer. A arrepender-me por antecipação, inerte, passiva, letárgica, letal.
Quero estar contigo, mas não quero estar sem mim. Não quero morrer para mim própria, nem ter saudades. Ou um dia em pesadelos ou alucinações encontrar-me e não resistir à dor do que perdi.
Do que perdi...!
Antes que cheguem os abutres vou-me deitar e enlouquecer a dormir.
Lá posso.


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